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Práticas de conservação do solo durante o vazio sanitário. Cuidando da biota dos solos!

A produção de grãos brasileira é mundialmente reconhecida. O Brasil permanece, safra após safra, em posições de liderança, como maior produtor e exportador de grãos do mundo, disputando esse lugar de destaque com outros grandes países produtores, como Estados Unidos e China.

Em trinta anos, o país e o mundo viram a produtividade brasileira saltar expressivamente, as exportações baterem recordes e a fatia da participação das commodities na economia do Brasil crescerem substancialmente.

Contudo, sustentar esses números conquistados pelos agricultores brasileiros é um desafio, ainda mais em anos como o da safra 2023/24. Marcada pela forte ocorrência do El Niño, a última safra passou por diversos eventos climáticos extremos que provocaram perdas significativas na produtividade de muitas culturas.

Diante desse cenário, o agricultor precisa estar sempre atento às práticas de manejo que vão além da proteção dos cultivos, como é o caso do vazio sanitário, uma medida consolidada por força de lei, amplamente difundida e aplicada no país.

Além de possibilitar o controle de doenças e pragas dentro dos sistemas produtivos, o vazio sanitário também representa uma janela de oportunidade, uma vez que, nesse período em que a cultura principal não pode estar presente no campo, o agricultor pode empregar técnicas de manejo para cuidar de seu maior patrimônio: o solo.

Qual a importância do vazio sanitário para a cultura da soja?

vazio sanitario

O vazio sanitário é uma medida que visa guardar a produção agrícola do país, sendo seu alvo principal a cultura da soja

Contudo, ao possibilitar uma redução da pressão de ocorrência de doenças e pragas dentro dos sistemas produtivos, por meio do impedimento legal da plantação de soja, essa medida também beneficia as outras culturas que são comumente cultivadas em sucessão a ela, como algodão, cana-de-açúcar, feijão, milho, trigo etc.

Publicadas em 13 de maio de 2024, por meio da Portaria SDA/MAPA nº 1.111, as datas de  vazio sanitário e o calendário de semeadura da soja para a safra de 2024/25 correspondem a um período de 90 dias em que não se pode haver nenhuma planta viva, cultivada ou voluntária, dessa cultura no campo.

Esse período se baseia no fato de que o tempo máximo de sobrevivência das estruturas reprodutivas do fungo causador da principal doença da soja no mundo, a ferrugem-asiática – causada pelo fungo biotrófico Phakopsora pachyrhizi – é de até 55 dias.

O vazio sanitário corresponde, portanto, a uma técnica de manejo preventivo vital para controlar a incidência de doenças e a população de pragas que migram entre as culturas de interesse econômico, e mitigar os riscos que podem levar à redução da produtividade ou até mesmo a quebras de produção dessas culturas.

Por isso, é essencial que os agricultores estejam cientes da importância dessa prática e, além disso, da janela de oportunidade que ela representa, utilizando esse tempo de entressafra para empregar técnicas de manejo do solo que podem possibilitar um incremento na produtividade de seus sistemas produtivos.

E qual é a importância de um manejo conservacionista do solo?

conservação do solo

O solo é um dos principais recursos da agricultura, pois serve como a base onde a produção de alimentos é possível ao fornecer suporte estrutural, água e nutrientes para plantas cultivadas, sendo amplamente considerado o segundo fator mais importante na agricultura, logo atrás do clima.

O incremento ou a manutenção da produtividade dos sistemas produtivos em climas tropicais muito provém do manejo dos solos

Inicialmente, a fertilização dos solos aumenta sua produtividade, mas, com o tempo e, eventualmente, o negligenciamento do manejo, problemas como erosão, compactação, redução da matéria orgânica e da atividade microbiológica podem comprometer a estabilidade desse ganho ou, ainda, em cenários mais alarmantes, representar uma queda na produção.

Um manejo benéfico de solos é composto por práticas que vão desde o melhor aproveitamento dos nutrientes, passam pela preservação da microbiota ali presente, até a mitigação da ocorrência de compactação e erosão, o que ajuda a controlar a incidência de plantas daninhas.

Mas, para isso, é preciso compreender o cenário como um todo, conhecendo os pilares que compõem a sustentabilidade dos atributos do solo.

Quais são os pilares que compõem a sanidade do solo?

A saúde do solo é o elemento essencial que possibilita a produtividade dos ecossistemas, representada por uma interação complexa de fatores físicos, químicos e biológicos. Esses três pilares são essenciais para manter a fertilidade, a estrutura e a funcionalidade do solo, sendo eles:

  • Físico: estrutura, agregação, aeração, infiltração e capacidade de armazenamento de água do solo.
  • Químico: disponibilidade de nutrientes, pH, equilíbrio de nutrientes, ausência de elementos tóxicos e formação de um perfil favorável ao desenvolvimento radicular do solo.
  • Biológico: diversidade de micro e macrorganismos, ciclagem e biodisponibilidade de nutrientes, supressão de patógenos e capacidade de promoção do crescimento vegetal proporcionado pelo solo.

Contudo, cada um desses elementos pode ser afetado caso o manejo do solo seja negligenciado, sendo representado por um dos desafios a seguir:

Desafios do manejo físico do solo: erosão e compactação

A erosão é o fenômeno de perda do solo, o que inclui a remoção de nutrientes, matéria orgânica e organismos vivos. Apesar de ser um processo natural que contribui para a renovação dos solos, quando em descontrole, a erosão consiste num processo de degradação do solo.

No Brasil, estima-se que mais de 500 milhões de toneladas de solo sejam perdidas anualmente. Quando ocorrem nos primeiros centímetros do solo, que são os mais férteis, essas perdas representam ainda mais prejuízos para a agricultura.

Os prejuízos causados pelos processos erosivos são evidentes, principalmente na redução da fertilidade do solo nas áreas afetadas, além do assoreamento e da poluição de rios, tanto interiores quanto marinhos, devido ao transporte contínuo de materiais orgânicos e minerais para os corpos d’água. 

Já a compactação do solo, geralmente, ocorre como consequência não desejada da mecanização. Ocasionada pelo tráfego frequente e localizado ou, ainda, pelo revolvimento intensivo do solo, a compactação pode interferir negativamente no desenvolvimento das plantas ao tornar o solo menos propício para o crescimento das raízes.

O tráfego excessivo, associado ao crescente aumento de tamanho e peso dos equipamentos, muitas vezes sem o ajuste proporcional da largura dos pneus, pode provocar compactação do solo em diversos sistemas de manejo, alterando a estrutura do solo, ao afetar diretamente sua densidade e porosidade, e impactando na infiltração de água, no crescimento das raízes e na produtividade das culturas instaladas.

Desafios do manejo químico do solo: plantas daninhas

Foto: EMBRAPA.

O manejo de plantas daninhas em cultivos agrícolas no período de entressafra é tão crucial quanto no período da safra, uma vez que as plantas daninhas não apenas competem eficientemente por recursos como água, luz e nutrientes, mas também podem servir como hospedeiras secundárias para pragas e doenças, facilitando a perpetuação delas nos sistemas produtivos. 

Por isso, o controle de plantas daninhas pode ser considerado uma estratégia dentro do manejo integrado de pragas e doenças, afetando indiretamente a sanidade de culturas de interesse econômico.

Contudo, o controle de certas espécies de plantas daninhas pode ser desafiador devido à resistência a herbicidas e aos altos índices de germinação dessas plantas. Nesse sentido, o emprego de uma cobertura adequada do solo durante a entressafra é essencial para prevenir a emergência e o crescimento dessas plantas, bem como sua subsequente produção de sementes, que contribuem para a manutenção do banco de sementes no solo.

Desafios do manejo biológico do solo: a microbiota

A microbiota do solo, também conhecida como biota do solo, consiste na variedade de microrganismos presentes no solo, tais como: bactérias, fungos, vírus, protozoários e nematoides de vida livre, entre outros. 

Esses organismos desempenham um papel crucial na sustentabilidade e na produtividade do solo, sendo essenciais para a saúde dos ecossistemas agrícolas. Por isso, manter uma microbiota saudável no solo é vital para o sucesso da agricultura e proporciona benefícios consideráveis tanto para a produção agrícola quanto para o meio ambiente.

A função principal da microbiota do solo é a decomposição da matéria orgânica, processo que transforma os resíduos orgânicos em nutrientes assimiláveis pelas plantas. Além disso, contribuem para a fixação de nitrogênio e ajudam a proteger as plantas contra pragas e doenças, fortalecendo, assim, a resiliência das culturas a essas e outras adversidades.

A saúde do solo está intrinsecamente conectada à existência de uma microbiota diversificada e ativa. Além dos benefícios já mencionados, os microrganismos no solo também são fundamentais para melhorar a estrutura do solo, pois aumentam a sua capacidade de reter água e reduzem o risco de erosão.

Por isso, é essencial preservar e construir uma microbiota saudável no solo, a fim de assegurar sua fertilidade e sustentabilidade por um longo período. Nesse sentido, quais são as práticas de manejo integrado de conservação dos solos que os agricultores podem adotar durante o vazio sanitário?

Como aproveitar o período do vazio sanitário para implementar um manejo conservacionista do solo?

A conservação do solo abrange um conjunto de práticas de manejo pensadas para preservar ou restaurar as características físicas, químicas e biológicas do solo. Essas práticas são implementadas por meio de manejos que visam mitigar os efeitos dos fatores que contribuem para a degradação do solo e os processos erosivos.

Para um manejo racional do solo, é importante adotar práticas que otimizem suas potencialidades ao mesmo tempo que são ambientalmente sustentáveis, economicamente viáveis e socialmente justas. Tais como:

Plantio de plantas de cobertura

O plantio de plantas de cobertura no solo é uma técnica de manejo que consiste em utilizar plantas para cobrir a superfície do solo.

O uso de culturas de cobertura durante a entressafra pode melhorar significativamente as propriedades físicas, químicas e biológicas do solo. Essas culturas também ajudam no controle de plantas daninhas, pragas, doenças e nematoides, além de aumentarem o teor de matéria orgânica, protegerem contra a erosão e apoiarem o sistema de plantio direto.

Além disso, a cobertura do solo é benéfica para o meio ambiente, pois aumenta o sequestro de carbono e reduz as emissões de gases de efeito estufa, auxiliando na mitigação das mudanças climáticas.

O emprego das plantas de cobertura também contribui significativamente com:

  • a geração de renda;
  • a reciclagem de nutrientes;
  • o manejo conservacionista do solo;
  • a produção de matéria orgânica;
  • a descompactação do solo;
  • o manejo integrado de plantas daninhas, pragas, doenças e nematoides.

Devido às diversas condições climáticas e ambientais no Brasil, é importante que a escolha das culturas de cobertura seja adaptada especificamente para cada região, evitando generalizações. 

É essencial compreender também quais culturas são mais adequadas para o verão e quais são ideais para a cobertura no inverno.

A seleção de espécies de cobertura deve considerar o ambiente e a cultura subsequente e, após essa análise, o produtor pode definir sua estratégia de rotação de culturas, enriquecendo o sistema produtivo com a escolha da planta mais apropriada. 

Emprego da rotação de culturas

conservação do solo

A rotação de culturas é uma prática agrícola que consiste em alternar diferentes tipos de culturas em um mesmo campo ao longo de um determinado período de tempo. Essa prática é benéfica por várias razões: 

  • melhora a fertilidade do solo,
  • diminui a erosão,
  • ajuda no controle de pragas e doenças 
  • eleva a produtividade das lavouras.

Além disso, a rotação de culturas contribui para a diversificação dos cultivos, fortalecendo a capacidade dos sistemas agrícolas de se adaptarem a variações climáticas.

A rotação de culturas durante a entressafra também pode ser implementada para gerar receita. Essa abordagem prioriza culturas que podem proporcionar retorno econômico ao agricultor. Comumente, são plantadas espécies que produzem grãos e cereais, ou biomassa utilizada na alimentação animal.

De outra forma, as culturas de cobertura selecionadas podem também proporcionar retorno financeiro, mas podem ser escolhidas principalmente por seus benefícios agronômicos, como o manejo de nematoides, a descompactação do solo, e sua capacidade de não servir como hospedeiros secundários para pragas e doenças.

Em ambos os cenários, a rotação de culturas protege o solo, evitando que a lavoura fique ociosa. Além disso, essa prática ajuda a reduzir a disseminação de plantas daninhas e a combater o banco de sementes indesejadas para a próxima safra.

Finalmente, a rotação de culturas enriquece o solo com matéria orgânica de alta qualidade, o que melhora a retenção de água e a disponibilidade de nutrientes para as plantas.

De modo geral, essas duas práticas de manejo, o emprego de plantas de cobertura e  a rotação de culturas, são indispensáveis quando a meta é realizar o bom manejo de entressafra.

O vazio sanitário oferece uma janela de oportunidade ideal para a realização desses manejos, pois, uma vez que as lavouras estão impossibilitadas de terem sua cultura principal presente, os agricultores podem executar essas medidas conservacionistas visando cuidar do solo para, assim, terem melhores condições de manter ou ainda de incrementar sua produtividade.

E, para ficar por dentro das melhores recomendações de cuidado para a sua lavoura, confira os outros conteúdos do Blog Vittia.

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Notícias do Setor

Como os produtos biológicos estão elevando a produtividade?

Na busca incessante por soluções agrícolas que atendam às demandas crescentes da população global e, ao mesmo tempo, respeitem os limites do meio ambiente, os produtos biológicos têm se destacado como resposta. Nos últimos anos, testemunhamos um notável crescimento na adoção de biofertilizantes e biodefensivos, estabelecendo uma nova abordagem mais integrada e inteligente ao manejo agrícola. 

No Brasil, por exemplo, o crescimento só em 2020 foi superior à média global (30% versus 14,4%), mas produtores de todas as partes do mundo estão reconhecendo os benefícios inegáveis dos produtos biológicos. De acordo com especialistas, o uso de bioinsumos movimentou cerca de US$ 827 milhões na safra 2022/23 – 52% a mais que no ciclo 2021/22 (US$ 547 milhões), com os biodefensivos subindo de US$ 15,071 bilhões para US$ 20,772 bilhões, um aumento de cerca de 38% na moeda americana.

E a tendência é que esse crescimento continue, principalmente nas lavouras brasileiras, considerando que, segundo a Forbes, o Brasil se consolidou como líder mundial em produtos biológicos

Nesse cenário, fica fácil entender como a produção agrícola brasileira tem superado recordes e conquistando novas posições no ranking mundial de diversas commodities. A adoção de novas tecnologias, incluindo a utilização dos diversos produtos biológicos com função de proteção ou indução de resistência a diferentes estresses nas plantas, tem contribuído para o alcance de novos patamares de produtividade.

Segundo a CropLife Brasil, a associação de biológicos com inseticidas tem a capacidade de aumentar a eficácia do controle de pragas de 50% para mais de 90%. Estudos realizados em lavouras que utilizaram produtos biológicos associados a defensivos químicos indicaram um acréscimo na produção de 775kg/ha em lavouras de milho e 400kg/ha em lavouras de soja.

Os números comprovam: a tecnologia de ponta dos biológicos abriu um novo caminho para os agricultores, com benefícios a curto, médio e longo prazo que refletem em produtividade, qualidade e rentabilidade.

O impacto dos biodefensivos no manejo de pragas, doenças e nematoides 

Os biodefensivos estão abrindo portas para uma nova abordagem de manejo que vai além do controle. Os agentes biológicos também desempenham um papel crucial na manutenção do equilíbrio natural nos ecossistemas agrícolas.

Quanto mais esse equilíbrio é respeitado e estimulado, menos intervenções são necessárias. Ou seja, a tendência é de redução dos custos de produção pela menor necessidade de aplicações químicas e menor degradação do solo na lavoura.

Manejo Integrado de Pragas (MIP)

Os biodefensivos desempenham um papel crucial no Manejo Integrado de Pragas (MIP), uma abordagem holística que visa equilibrar estratégias de controle biológico, químico e cultural. No contexto dos biodefensivos, isso se traduz em:

  • Controle biológico: introdução de agentes benéficos, como predadores, parasitoides e microrganismos antagonistas, para suprimir as populações de pragas de forma sustentável. Esses agentes podem ser classificados como microbiológicos, como vírus, bactérias e fungos, e macrobiológicos, como ácaros e insetos. 
  • Respeito pela biodiversidade: biodefensivos promovem a biodiversidade agrícola, criando um ambiente propício para inimigos naturais das pragas prosperarem.

Manejo Integrado de Doenças (MID) 

Os biodefensivos também desempenham um papel fundamental no manejo integrado de doenças nas lavouras, oferecendo estratégias inovadoras para reduzir a incidência e a severidade de patógenos. Aspectos relevantes incluem:

  • Controle microbiológico: utilização de microrganismos antagonistas, como fungos entomopatogênicos e bactérias benéficas, para suprimir patógenos.
  • Estímulo à resistência das plantas: biodefensivos podem atuar como indutores de resistência nas plantas, fortalecendo seus mecanismos naturais de defesa contra doenças.

Manejo de nematoides

Os nematoides representam uma ameaça persistente às culturas, e os biodefensivos oferecem abordagens específicas para seu controle eficaz:

  • Nematófagos e bactérias benéficas: biodefensivos contendo nematófagos e bactérias benéficas, como Bacillus spp., podem controlar populações de nematoides parasitas, reduzindo seus impactos nas raízes das plantas.
  • Melhoria da qualidade do solo: ao controlar nematoides de maneira biológica, os biodefensivos contribuem para a saúde e a qualidade do solo, preservando a estrutura e a funcionalidade do ecossistema do solo.

Manejo antirresistência 

O surgimento da resistência a pesticidas e fungicidas por parte das pragas e patógenos tem sido um desafio constante na agricultura moderna, exigindo abordagens diversificadas para preservar a eficácia das estratégias de controle.

Nesse contexto, os biodefensivos surgem como aliados do manejo antirresistência, oferecendo uma série de benefícios que contribuem para a sustentabilidade da produção agrícola a longo prazo:

  • Diversidade de mecanismos de ação: ao contrário de muitos defensivos tradicionais, que têm, muitas vezes, alvos específicos e podem ser suscetíveis ao desenvolvimento de resistência, os biodefensivos frequentemente atuam por meio de múltiplos modos de ação. Isso cria um ambiente desafiador para o desenvolvimento de resistência por parte dos organismos-alvo.
  • Rotação de produtos: a rotação de produtos é uma estratégia fundamental no manejo antirresistência, e os biodefensivos são uma alternativa inteligente para implementar essa prática. A possibilidade de alternar entre químicos e biológicos reduz a pressão seletiva sobre as populações de pragas, doenças e nematoides, diminuindo a probabilidade de desenvolvimento de resistência.

Além da associação químicos + biológicos, é possível ter uma lavoura altamente produtiva e 100% biológica?

A possibilidade de unir os dois tipos de manejo (químico + biológico) amplia as estratégias dos produtores na proteção da lavoura. No entanto, o desenvolvimento de um portfólio de alta performance, com soluções integradas e sinérgicas, já tem demonstrado resultados surpreendentes por meio do manejo 100% biológico – esse é o caso das lavouras do projeto BioVittia!

Confira um dos diversos depoimentos sobre esse programa que tem dado o que falar entre os produtores: 

O projeto BioVittia investe em sustentabilidade, contribui com a melhoria do balanço socioambiental e obtém ganhos de rentabilidade por área para um legado produtivo. Com um manejo de proteção 100% BioVittia é possível melhorar o solo, a eficiência das plantas e a produtividade sem deixar resíduos nas colheitas.

Esse programa promove a substituição parcial ou total do manejo convencional (defensivos químicos) para um cultivo 100% baseado em tecnologias Vittia de controle biológico. O objetivo principal é provar e dar visibilidade à eficiência dos biodefensivos e, por consequência, introduzi-los em um manejo integrado de pragas e doenças.

Hoje, temos mais de 50 áreas-teste em diversas regiões do Brasil, com diferentes culturas. Alguns desses campos já estão em manejo 100% biológico. Em outros deles, onde as condições iniciais não possibilitaram ainda a condução a 100%, a substituição avança progressivamente, com redução de pelo menos 70% em produtos químicos.

soja biovittia
Soja 100% BioVittia em Bom Sucesso (PR).
Padrão Fazenda vs. Milho 100% BioVittia em Bom Sucesso (PR).
Padrão Fazenda vs. Milho 100% BioVittia em Bom Sucesso (PR).
milho biovittia
Milho 100% BioVittia em Bom Sucesso (PR).
feijão biovittia
Feijão preto 100% BioVittia em Ponta Grossa (PR).

culturas biovittia

O projeto BioVittia aponta para o futuro, momento em que as lavouras precisarão ser mais eficientes com o menor impacto possível para atender às demandas mundiais e proteger a longevidade da agricultura, com rentabilidade para o produtor. 

Quer saber mais sobre os resultados desse projeto? Acesse a página oficial BioVittia para conferir depoimentos e mais informações, além de um espaço para dúvidas e contato. 

E para ficar por dentro das melhores recomendações de cuidado para a sua lavoura, confira os outros conteúdos do Blog Vittia.

biovittia

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Controle Biológico

Doenças foliares na soja e o poder dos fungicidas biológicos

O cenário de manejo fitossanitário das lavouras está mudando: de acordo com Pesquisadores da área de Fitopatologia e Biológicos da Fundação MT, os sojicultores enfrentaram maior ocorrência de doenças foliares na soja na safra 2022/23.

Considerando os impactos do El Niño nas condições climáticas, a realidade das lavouras na safra 2023/24 é não só de maior pressão de patógenos pelo favorecimento da condição de desenvolvimento dessas ameaças, como também de ocorrência antecipada, como os casos registrados de adiantamento da incidência de ferrugem-asiática da soja.

Doenças como a ferrugem-asiática (Phakopsora pachyrhizi) e a mancha-alvo (Corynespora cassiicola) estiveram entre as maiores preocupações na safra 2022/23, mas a lista de patógenos favorecidos pelas condições climáticas verificadas nas principais regiões produtoras vai além.

Tradicionalmente, o manejo dessas doenças dependia fortemente de fungicidas químicos – uma abordagem eficaz, mas muitas vezes associada a preocupações ambientais e resistência patogênica, com redução na eficiência de diversos produtos. 

No caso da ferrugem-asiática da soja, por exemplo, já existem relatos de resistência do patógeno aos fungicidas químicos disponíveis no mercado. Para evitar problemas como esse, realizar o manejo integrado é fundamental.

Nesse contexto, os fungicidas biológicos surgem como protagonistas em uma narrativa de manejo mais sustentável e altamente eficaz, oferecendo uma solução inovadora e respeitosa ao agroecossistema para o MID (Manejo Integrado de Doenças), com benefícios que perduram a longo prazo.

A Vittia conta hoje com um projeto “100% BioVittia”, que trata doenças e pragas das diferentes culturas apenas com defensivos biológicos, mostrando aos produtores que é possível realizar um manejo eficiente dessas pragas de forma segura para o meio ambiente, além de não deixar resíduos nos alimentos. 

As principais doenças foliares na soja 

Diversas doenças foliares representam um desafio constante para os sojicultores, impactando diretamente a produtividade e a qualidade dos grãos e a rentabilidade da safra. Dentre as principais ameaças, podemos destacar:

  • Antracnose

A antracnose, causada pelo fungo Colletotrichum truncatum, apresenta sintomas como manchas necróticas nas folhas, caules e vagens da soja. Essas lesões podem se fundir, levando à desfolha prematura e comprometendo a saúde geral da planta. O controle efetivo da antracnose é vital para prevenir perdas significativas de rendimento.

antracnose doença foliar na soja
Figura 1. Sintomas causados pelo fungo Colletotrichum truncatum observados nas folhas da soja.
  • Mancha-alvo

A mancha-alvo, causada pelo fungo Corynespora cassiicola, caracteriza-se por lesões circulares com um centro mais claro e uma borda escura, semelhante a um alvo. Essa doença pode afetar todas as partes da planta, incluindo folhas, hastes e vagens, contribuindo para a redução da eficiência fotossintética e, consequentemente, para a diminuição do rendimento.

mancha-alvo doença foliar na soja
Figura 2. Sintomas causados pelo fungo Corynespora cassiicola observados nas folhas da soja
  • Ferrugem-asiática

A ferrugem-asiática, causada pelo fungo Phakopsora pachyrhizi, é uma das doenças mais significativas da soja. Apresenta-se em forma de manchas de coloração marrom nas folhas, que eventualmente se transformam em pústulas de esporos, resultando em danos extensos e rápida propagação. 

ferrugem asiática doença foliar na soja
Figura 3. Sintomas causados pelo fungo Phakopsora pachyrhizi observados nas folhas da soja.
  • Oídio

O oídio, causado pelo fungo Golovinomyces cichoracearum, é uma doença que se manifesta como um revestimento branco ou acinzentado nas folhas, afetando a capacidade da planta de realizar a fotossíntese. Essa condição compromete o desenvolvimento adequado da soja e pode resultar em perdas substanciais se não for controlada.

oídio doença foliar na soja
Sintomas causados pelo fungo Golovinomyces cichoracearum observado nas folhas de soja. Fonte: Embrapa.

Fungicidas biológicos entram em campo para virar o jogo contra as doenças foliares na soja 

Os fungicidas biológicos representam uma revolução no manejo de doenças foliares na soja, oferecendo uma alternativa sustentável aos fungicidas químicos convencionais. 

Diferentemente dos produtos químicos, os fungicidas biológicos são derivados de organismos vivos, como bactérias, fungos, vírus e enzimas, que interagem de maneira específica com os patógenos. Essa abordagem inovadora tem se destacado como uma resposta promissora aos desafios ambientais e à resistência crescente aos fungicidas tradicionais.

A utilização de bioinsumos para a proteção das lavouras tem demonstrado um crescimento constante no Brasil, com níveis superiores aos registrados em outros países. Isso devido a benefícios como:

  • Complementaridade e sinergia para o manejo integrado de doenças (MID)

Uma estratégia eficaz para o manejo de doenças foliares na soja é a integração dos fungicidas biológicos com os químicos. Essa abordagem complementar permite tirar vantagem da especificidade dos biológicos e da ação dos químicos. Enquanto os fungicidas químicos oferecem uma resposta imediata, os biológicos atuam de maneira mais sustentada, reduzindo a pressão seletiva sobre os patógenos e contribuindo na construção da sanidade da lavoura.

  • Redução de resíduos e impactos ambientais

Os fungicidas biológicos são conhecidos por sua degradação mais rápida e menor persistência no ambiente em comparação com os produtos químicos. Essa característica resulta em uma redução significativa na quantidade de resíduos nos solos e corpos d’água, contribuindo para a preservação da biodiversidade e a saúde do ecossistema agrícola.

  • Preservação da eficiência dos fungicidas

Ao incorporar fungicidas biológicos no manejo, os agricultores podem contribuir com a resistência das plantas aos patógenos, além de minimizar a pressão seletiva causada pelos químicos, reduzindo a probabilidade de seleção de populações resistentes por meio da rotação de defensivos. 

  • Melhoria da qualidade do solo

Muitos fungicidas biológicos, como os baseados em Bacillus subtilis, têm efeitos benéficos adicionais, como a promoção do crescimento das plantas e a melhoria da qualidade do solo por preservar os micro-organismos presentes ali. Isso não apenas contribui para a saúde das plantas de soja, mas também fortalece o sistema agrícola como um todo.

  • Sustentabilidade a longo prazo

A integração de fungicidas biológicos no manejo de doenças foliares na soja não se limita a benefícios imediatos, mas também promove práticas sustentáveis a longo prazo. A redução da dependência de fungicidas químicos tradicionais contribui para um sistema agrícola mais equilibrado e resiliente.

Bio-Imune®: o primeiro multissítio biológico registrado no Brasil para ferrugem da soja

Bio-Imune® é um fungicida e bactericida microbiológico desenvolvido pela Vittia que se destaca por oferecer uma abordagem abrangente no manejo de doenças da parte aérea da planta, com os seguintes modos de ação:

  • Proteção: sendo aplicado de forma antecipada.
  • Erradicação: atuando como um curativo de doenças.
  • Indutor de resistência: tornando as plantas mais resistentes à entrada de patógenos e aos estresses climáticos.
  • Efeito fitotônico: atua de forma hormonal no metabolismo das plantas.

Além de ser o primeiro multissítio biológico registrado para ferrugem da soja, também tem eficácia comprovada contra:

  • Alternaria solani
  • Xanthomonas vesicatoria
  • Uncinula necator 
  • Colletotrichum truncatum
  • Hemileia vastatrix
  • Colletotrichum acutatum
  • Colletotrichum gloeosporioides
  • Pseudomonas syringae pv. garcae
  • Pseudomonas syringae
  •  Phakopsora pachyrhizi
  •  Colletotrichum lindemuthianum
  •  Corynespora cassiicola
  •  Botrytis cinerea
  •  Sclerotinia sclerotiorum
  •  Phaeosphaeria maydis
  • Xanthomonas citri subsp. citri
  •  Aspergillus ochraceus
  • Ramularia areola
  • Colletotrichum falcatum 

Bio-Imune® apresenta características únicas que o posicionam como uma ferramenta crucial para a proteção e a promoção do crescimento saudável das culturas, atuando no manejo de doenças, mas também como um promotor de crescimento, estimulando o desenvolvimento saudável das plantas. A produção de metabólitos benéficos contribui para fortalecer a resistência das plantas, resultando em lavouras mais vigorosas e produtivas.

Ao competir por espaço e nutrientes, Bio-Imune® age como uma barreira natural, impedindo a germinação de fungos e bactérias causadores de doenças. Essa ação preventiva adiciona uma camada de proteção crucial para as culturas, contribuindo para a manutenção da sanidade das plantas.

bio-imune
Mecanismos de ação de Bio-Imune®

Em resumo, Bio-Imune® não só controla eficazmente as doenças foliares na soja, como também oferece uma gama de benefícios adicionais que promovem o crescimento sustentável e a qualidade da lavoura. Sua abordagem inovadora marca um avanço significativo no manejo de doenças, contribuindo para a construção de sistemas agrícolas mais resilientes e produtivos.

Bio-Imune na soja
Avaliação de duas áreas com tratamentos diferentes para as doenças na soja: imagem superior tratada com Bio-Imune®, imagem inferior com tratamento padrão fazenda.

Quer saber mais sobre os resultados de Bio-Imune® como do campo acima? É só entrar em contato conosco!

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