Palavra do Especialista

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Bioamino® Extra maior tolerância da cana às adversidades climáticas

Renato Passos Brandão
Gerente Especialista em Nutrição Vegetal

 

Luiz Marin
Gerente de Produtos Biofertilizantes

 

Raphael Bianco Roxo Rodrigues
Gerente Técnico de São Paulo e Sul de Minas

 

O Brasil é o maior produtor mundial no setor sucroalcooleiro. A estimativa de produção de cana para a safra 2017/2018 é de 625,96 milhões de toneladas (Conab, 2018). A produtividade da cana-de-açúcar está prevista para 72 t/ha. É considerada relativamente baixa em comparação ao potencial genético das atuais variedades de cana.

Um dos fatores que vem contribuindo para a baixa produtividade da cana são as condições climáticas desfavoráveis nas últimas safras – veranicos – que estão ocorrendo com mais frequência e intensidade.

Com o intuito de minimizar os efeitos prejudiciais dos veranicos e outros fatores abióticos que possam prejudicar o desenvolvimento da cana, o Vittia instalou um experimento para a avaliação do Bioamino® Extra aplicado via foliar em cana-soca.

O experimento foi instalado em cana-soca – variedade IAC SP95-5000 – 3º corte em um ambiente de produção classificado como B. O Bioamino® Extra foi aplicado via foliar na cana-soca em 05 de dezembro de 2017 – antes do fechamento do canavial – em um volume de calda de pulverização de 200 L/ha. A colheita da cana-soca ocorreu em 3 de agosto de 2018.

O experimento foi constituído por 4 doses do Bioamino® Extra – 0, 1, 2 e 3 L/ha com 4 repetições. As parcelas foram constituídas por cinco linhas de cana com 10 m de comprimento e espaçadas de 1,5 m entre si, totalizando 75 m2. A área útil foi constituída pelas três linhas centrais, descartando um metro nas extremidades, totalizando 36 m2

 

Resultados

O Bioamino® Extra proporcionou aumento expressivo na produtividade da cana-soca (Figura 1). O maior incremento na produtividade da cana-soca – 8,89 t/ha – ocorreu com a menor dose do Bioamino® Extra – 1 L/ha. Entretanto, a dose de 2 L/ha do Bioamino® Extra também proporcionou um aumento significativo na produtividade da cana-soca com um incremento de 13,92 t/ha de colmos.

 

O que é Bioamino® Extra?

É um fertilizante fluido orgânico composto, Classe A, com alta concentração de materiais orgânicos, obtidos por meio de processos controlados de biofermentação de açúcares.  Os aminoácidos estão na forma livre – L aminoácidos – prontamente disponível às plantas. Possui pH na faixa ligeiramente ácida a neutro – 5,5 a 7,0.

 

Garantias (p/p) – % 

  • Nitrogênio: 4% (50 g/L)
  • Carbono orgânico total (COT): 23% (287,5 g/L)
  • Densidade: 1,25 g/mL

 

Benefícios do  Bioamino® Extra em cana

O Bioamino® Extra atua no metabolismo da cana, alterando os processos vitais e estruturais das plantas, tornando-as mais tolerantes às condições climáticas adversas e aos estresses bióticos. 

 

Os benefícios do Bioamino® Extra proporcionados à cana estão abaixo:

  • Melhora o metabolismo da cana, maximizando o seu potencial produtivo;
  • Promove maior desenvolvimento radicular por meio da emissão de novas raízes. Maior absorção de água e nutrientes. Maior síntese de citocinina – fitohormônio indutor da divisão celular, promoção da formação de raízes e gemas e retarda a senescência foliar;
  • Melhora a brotação e o desenvolvimento vegetativo da cana;
  • Retarda a senescência das folhas da cana, prolongando a síntese de fotoassimilados;
  • Maior resistência da cana às condições climáticas adversas, tais como veranicos e variações bruscas de temperatura;
  • Recuperação mais rápida da cana aos estresses climáticos e fitotoxicidade causada pelos defensivos agrícolas;
  • Aumenta a produtividade da cana.

 

O que são aminoácidos?

Os aminoácidos são extremamente importantes para os seres vivos. São as unidades chaves para a síntese das proteínas (Campel; Farrel, 2017). As proteínas são polímeros de 20 aminoácidos unidos por um tipo específico de ligação covalente denominada de ligações peptídicas. 

O primeiro aminoácido descoberto foi a asparagina, em 1806 e o último dos 20 aminoácidos foi a treonina, somente em 1938. Além desses aminoácidos existem diversos outros menos comuns.  Há aminoácidos presentes nos organismos vivos, mas não como constituintes das proteínas. Alguns são resíduos modificados depois de uma proteína ter sido sintetizada (Nelson; Cox, 2011).

Os aminoácidos são moléculas orgânicas formadas por átomos de carbono, hidrogênio, oxigênio e nitrogênio (Buchanan et al., 2000). Além desses elementos químicos, há três aminoácidos – cisteína, cistina e metionina – que contém também enxofre (Campell; Farrel, 2017).

 

Bioamino® Extra aumenta a tolerância da cana às condições climáticas adversas e aos estresses bióticos

 

Os aminoácidos possuem um grupo carboxila (-COOH) e um grupo amina (-NH2), ambos ligados ao carbono central denominado de alfa, quase sempre assimétrico (carbono próximo ao grupo carboxila). Nesse carbono também ficam ligados um átomo de hidrogênio (-H) e um grupo de cadeia lateral denominado genericamente de radical – R (Figura 2). 

A cadeia lateral (R) representa um radical orgânico, determinando a identidade do aminoácido, definindo uma série de características, tais como polaridade e grau de ionização em solução aquosa (Buchanan et al., 2000).

Os aminoácidos ocorrem em dois esterioisômeros: L (levógero) e D (dextrógeno) denominados de L aminoácidos e D aminoácidos, respectivamente. Possuem a mesma forma química mas possuem diferentes estruturas espaciais. Os aminoácidos constituintes das proteínas são sempre os levógeros – L aminoácidos.

Os L aminoácidos são obtidos por processos naturais de biofermentação ou hidrólise enzimática. Os D aminoácidos são obtidos por processos artificiais como a hidrólise ácida, que podem causar a destruição dos aminoácidos ou a manutenção de grandes quantidades de peptídeos e proteínas.

 

Biossíntese dos aminoácidos

Os seres humanos e a maioria dos animais não conseguem sintetizar determinados aminoácidos – como histidina, isoleucina, leucina, lisina, metionina, fenilalanina, treonina, triptofano, valina e arginina. Os adultos conseguem sintetizar a arginina – tendo que obter os demais aminoácidos, denominados de essenciais, a partir da dieta (Taiz et al., 2017). 

Por outro lado, as plantas sintetizam todos os 20 aminoácidos encontrados nas proteínas. O grupo amino contendo o nitrogênio, é proveniente do íon amônio – NH4+ –derivado de reações de transaminações com a glutamina ou glutamato. 

O esqueleto de carbono dos aminoácidos é derivado do 3-fosfoglicerato, do fosfoenolpiruvato ou do piruvato gerados durante a glicólise, ou ainda do 2-oxoglutarato ou do oxalacetato formados no ciclo do ácido cítrico (Figura 3).

 

Aminoácidos nas plantas

São moléculas orgânicas essenciais ao metabolismo primário e secundário, desempenhando diversos papéis nas plantas (Tabela 1). Alguns aminoácidos desempenham funções específicas como precursores à síntese de metabólicos secundários – hormônios e moléculas de defesa das plantas às doenças (Buchanan et al., 2000).

Os aminoácidos são importantes nos sistemas antioxidantes das plantas. Atuam na redução de radicais livres e osmoproteção (Gill; Tuteja, 2010). Exercem papel fundamental na resposta das plantas aos estresses abióticos – seca, veranico, salinidade dos solos – e bióticos – fitotoxicidade dos defensivos agrícolas – e no metabolismo secundário em plantas (Hildebrandt et al., 2015).

O fornecimento dos aminoácidos às plantas aumenta a tolerância aos estresses abióticos e bióticos. Atuam na estabilização das membranas celulares e na redução de substâncias tóxicas produzidas pelas plantas sob condições estressantes. 

Os aminoácidos também conferem proteção das plantas ao ataque de pragas e doenças, atuando na biossíntese de compostos fenólicos – ácido cinâmico, as flavonas e o ácido cumárico. São precursores de lignina, conferindo maior resistência das plantas ao ataque de pragas (Alves, 2017). 

 

Tabela 1. Principais funções dos aminoácidos nas plantas.

Aminoácidos Funções nas plantas
Alanina Atua na brotação da cana

Síntese de clorofila, aumentando a atividade fotossintética

Arginina Atua na emergência das plântulas, estimulando o desenvolvimento celular com a metionina

Ação rejuvenescedora nas plantas

Precursor de poliaminas – defesa das plantas aos estresses bióticos e abióticos 

Precursor da síntese de auxinas

Aspartato Atua na redistribuição do N nas plantas via floema
Asparagina Fornecimento de N às plantas
Cisteína Fonte de S às plantas. Produção de fitoquelatinas. 

A cisteína e a glicina, atuam na síntese de glutationa, molécula importante no sistema de defesa das plantas contra às doenças

Fenilanina Precursor de compostos fenólicos – ácido cinâmico, ácido cumário, lignina, taninos e flavonoides –, atuando na defesa das plantas contra às doenças

Síntese do ácido salicílico: hormônio indutor de resistência sistêmica das plantas aos patógenos. 

Atua também na tolerância das plantas aos estresses bióticos e abióticos.

Regula a ação de enzimas antioxidantes

Glicina Síntese de porfirinas

Precursor da síntese de clorofila e fitocromos

Principal aminoácido com ação quelante de metais

Precursor de glicina betaína – molécula de defesa “osmoprotetora” em condições de estresse hídrico e salino, calor, frio e congelamento

Auxilia na manutenção da integridade das membranas celulares, mantendo a atividade fotossintética

Glutamato Atua na formação de vários aminoácidos – arginina, prolina, glutamina e aspartato. 

Precursor da molécula de clorofila. Atuam no sistema de defesa das plantas

Glutamina Precursor de outros aminoácidos. Essencial para a absorção de N pelas plantas
Histidina Regula a concentração de ácido aspártico

Proteção das plantas às radiações ultravioletas

Maior sanidade das plantas

Isoleucina Aumenta a velocidade de brotação das plantas

Prevenção de anomalias em plantas, mantendo a integridade dos tecidos

Leucina Atua na brotação das plantas – aumenta a velocidade do processo germinativo

Incremento na produção, atuando na fecundação e no pegamento dos frutos

Melhora a qualidade dos frutos

Lisina Fonte de N às plantas

Ativa a clorofila, retardando a senescência das plantas

Aumenta a tolerância das plantas aos estresses abióticos

Atua na síntese de clorofila

Metionina Precursor do etileno, hormônio responsável pela maturação dos frutos. 

Aumenta a espessura das células, dificultando a entrada de patógenos

Favorece a assimilação dos nitratos

Prolina Aumenta a tolerância das plantas aos estresses abióticos – seca e veranicos.

Precursor da hidroxiprolina – importante para a formação da parede celular e substrato para a respiração

Serina Precursor do triptofano

Atua nos mecanismos de resistência das plantas às condições climáticas adversas

Tirosina Precursor dos compostos fenólicos. Atua na defesa natural das plantas contra às pragas e doenças 
Treonina Atua no crescimento das plantas, aumentando a velocidade de brotação e a germinação das sementes
Triptofano Precursor do ácido indolacético – AIA –, auxina que forma as enzimas responsáveis pelo alongamento e crescimento celular das plantas. 

Precursor de indolglicosinatos e alcaloides

Valina Atua na velocidade de crescimento das plantas, mais especificamente nos colmos

Atua nos mecanismos de resistência das plantas aos estresses ambientais

Fonte: Vários autores.

 

Considerações finais  

Os aminoácidos são as unidades chaves para a síntese das proteínas. São moléculas orgânicas formadas por átomos de carbono, hidrogênio, oxigênio e nitrogênio. Além desses elementos químicos, há três aminoácidos – cisteína, cistina e metionina – que contém também enxofre.

As plantas sintetizam todos os 20 aminoácidos a partir da assimilação do amônio com o glutamato formando a glutamina. Entretanto, o fornecimento de aminoácidos à cana proporciona uma série de benefícios com aumentos expressivos na produtividade.

Os únicos aminoácidos que à cana e as demais plantas conseguem utilizar no seu metabolismo são os L-aminoácidos.

Os aminoácidos são amplamente utilizados na agricultura brasileira e mundial. Com o avanço nas técnicas de produção dos L-aminoácidos e dos conhecimentos dos benefícios proporcionados às plantas, o consumo de aminoácidos na agricultura brasileira é crescente.

Desempenham diversos papéis nas plantas, atuando como precursores da síntese de metabólicos secundários – hormônios e na biossíntese de compostos fenólicos conferindo maior resistência das plantas ao ataque de pragas e doenças. 

Atuam também na tolerância das plantas aos estresses abióticos – seca, veranico, salinidade dos solos e bióticos – fitotoxicidade dos defensivos agrícolas.

 

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